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domingo, 7 de dezembro de 2008

Aproveitamento Integral de Alimentos


Quando fundado o Banco de Alimentos de Sorocaba (vamos chamá-lo de BAS) tinha como objetivo distribuir os alimentos doados de maneira eficaz. O tempo parecia ser o maior inimigo no processo de tratamento dos alimentos, a experiência não era a mesma de hoje, portanto as atenções eram focalizadas em selecionar, higienizar e distribuir os alimentos recebidos na cede antes que perdessem a qualidade.

Ao longo dos 4 anos de trabalho do BAS, o processo que antes tomava todo tempo e atenção, já não é mais um bicho de sete cabeças. Foi aí que os estagiários e voluntários passaram a avaliar outras questões:
1- será que todas as entidades beneficiadas (que recebem as doações do BAS) lidam de maneira correta com os alimentos que buscam no banco?
2- Como são utilizados esses alimentos? Por exemplo: A laranja, o que é feito com as cascas? Verduras, o talo é descartado no preparo?

Para a pergunta “1” a resposta foi bem simples: vamos ensinar para essas entidades como tratar esses alimentos (lavar, ferver, etc), de modo que todo o trabalho do BAS não seja em vão. Isso foi feito através do curso de higienização de alimentos.

Para a pergunta “2”: essa foi mais complexa. Afinal até mesmo você, caro leitor, deve se perguntar o que é que o BAS tem haver com o talo da verdura ou a casca da laranja? Afinal de contas, se doou, porque ficar “regulando”?
Nós explicamos: o Brasil é um país extremamente rico em alimentos, portanto não fomos culturalmente instruídos a utilizá-los por completo. (O que pode servir como exemplo é a questão da escassez nos tempos de guerra, na antiga União Soviética, por exemplo, a fome e o frio mataram tanto quanto a guerra. Na Alemanha o mesmo. Em livros como “O Diário de Anne Frank” pode-se ler relatos da garota sobre a alimentação, a única coisa que havia para comer eram batatas, sem o luxo de temperos. Enfim, o frio destruía as plantações e a guerra dificultava a economia de modo que a miséria foi conseqüente, assim como a impossibilidade de consumo).


Quando existe um histórico de fome não há duvida de que o consumo dos alimentos é mais consciente, uma vez que o desperdício está fora de hipótese. É daí que obtemos a resposta para a pergunta 2: cascas de alimentos podem ser utilizadas, por exemplo, para se fazer geléias, bolos, etc. Os talos das verduras podem perfeitamente ser cortados e servidos meio ao restante da salada, uma vez que é no talo onde está a maior quantidade de nutrientes dos vegetais.
Então o BAS questinou: “como conscientizar as instituições?”. Foi então que, em parceria com o SESI, a ONG ofereceu o curso de aproveitamento Integral de Alimentos, para assim conscientizar os responsáveis pela manipulação e preparo dos alimentos dentro de cada entidade sobre a importância de não jogar fora partes que ainda podem ser utilizadas dos alimentos.

Neide Gutiyama, a presidente do BAS exemplifica: “Na minha cultura, comer abóbora japonesa sem casca é como comer qualquer outra coisa que não seja abóbora. No Brasil todos tiram a casca dela por pura cultura, já que não altera em nada o valor final depois de preparada. Além disso, é na casca da abóbora onde está a maior quantidade de nutrientes.”
Portanto: Aproveitamento Integral = Consumo Integral.

Assessoria de Imprensa do BAS.

Um pouco sobre Banco de Alimentos de Sorocaba e Wal Mart

Em agosto desse ano foi firmada uma parceria entre o Banco de alimentos de Sorocaba e a rede de hipermercados Wal Mart. Vamos explicar didaticamente:

Quem é quem nesta parceira?
O hipermercado é o doador de alimentos, o Banco de Alimentos é o receptor das doações.

O que faz o doador?
Neste caso o doador encaminha ao receptor todas as mercadorias que estão próximas da data de validade (Mantimentos: macarrão, farinha, biscoitos, etc. Enlatados, leite, laticínios e produtos hortifrutigranjeiros).

O que faz o receptor?
Ele organiza toda a mercadoria que chega a sua cede. Separa mantimentos, leite e enlatados por data de validade, seleciona os laticínios para serem distribuídos o mais rápido possível (a manipulação desses produtos é extremamente delicada) para os beneficiados e faz a triagem, higienização e embala os produtos hortifrutigranjeiros.

Quem são os beneficiados?
São entidades carentes cadastradas no receptor. Eles retiram doações (alimentos) as terças, quintas e sábados na sede do receptor.

O que fazem os beneficiados?
Preparam os alimentos (temperam, cozinham, refogam, etc) para servi-los à um público carente.

Quais são os benefícios da parceria?
O doador deixou de descartar (jogar fora, literalmente) os alimentos próximos da data de validade que perderam seu valor comercial.
O receptor passou a receber outros tipos de alimentos para fornecer aos doadores. Não apenas frutas, legumes e verduras como de costume, mas também mantimentos, enlatados, laticínios, etc.

Existem obstáculos?
Sim, existem.
Obstáculos do doador: conseguir se organizar para separar os produtos à serem enviados ao receptor.
Obstáculos do receptor: Dificuldade para armazenar produtos perecíveis, para levar as doações às instituições carentes e para contratar mais estagiários.

Eles podem ser superados?
Claro que podem!
Para sanar o obstáculo do doador: foi enviado um estagiário do receptor para ajudar na triagem dos produtos que devem ser encaminhados para doação, uma vez que existem milhares de produtos à serem inspecionados, é sempre bem vinda a ajuda de voluntários.
Para sanar obstáculos do receptor: freezers, câmara fria e demais equipamentos para cozinha industrial são necessários. Doações (de alimentos ou de equipamentos) são bem-vindas.

Eu tenho algo haver com isso?
Não, mas se você se propôs a ler tudo isso até aqui é porque ao menos tem interesse pelo tema.

O que eu posso fazer para cooperar?
Você pode colaborar com doações de alimentos ou equipamentos para cozinha industrial. Pode se inscrever como voluntário ou estagiário. Ou pode simplesmente contar para sua família e seus amigos sobre o trabalho do BAS.

Assessoria de Imprensa do BAS.

“Bebida é água, comida é pasto... Você tem sede de que? Você tem fome de que?”


Pois bem, agente (definitivamente) não quer só comida, já diz a canção.
Você leitor pode pensar em primeiro momento que estou sendo contraditória. Contudo, antes que se precipite em suas conclusões, eu posso explicar o que quero dizer.
Estive pensando hoje sobre necessidade e satisfação, seguindo ainda a linha de raciocínio da música: “desejo, necessidade e vontade...”. Então constatei o quão importante foi a parceria entre BAS e Wal Mart e o quão bom seria conquistar mais parceiros que fornecessem esse mesmo tipo de doação.
Claro que uma refeição balanceada é o mais importante para a saúde e para viver bem, mas que arremesse o primeiro tomate quem nunca trocou uma salada por macarronada ou uma maçã por um delicioso chocolate.
Obviamente nos damos a esse privilégio sempre quando desejamos, contudo somos pessoas de sorte, porque temos dinheiro para isso. Agora vamos pensar em uma criança que passa frente à uma loja de doces e sente a sua boca salivar por um pouco de todo aquele cacau... Você já foi criança e sabe como é. Provavelmente sua mãe, pai ou avó (elas em especial adoram fornecer esse tipo de prazer) compravam o doce para você. Muito provável também que você nunca tenha recebido um “não” para um docinho maroto. Não se culpe se você se identificou com o caso porque tudo isso é perfeitamente normal: o ser humano tem desejos, grandes ou pequenos luxos que são muito saudáveis.
Agora visualize uma criança carente. É claro que ela tem a mesma vontade que você quando criança (essas vontades podem acontecer em períodos até menos freqüentes que as suas, porque ela não está habituada a isso). Contudo, o que quero dizer é: não é culpa da criança querer um doce, não é culpa do adulto querer dispensar o tradicional arroz com feijão de vez em quando.
Enfim, matar a fome é claro que é o primordial para o Banco de Alimentos, mas proporcionar tais pequenos prazeres a essas pessoas pode ser tão satisfatório quanto servir refeições nutritivas.
Acredito que a parceria em questão tenha auxiliado nesse aspecto, não apenas encher o estômago de quem precisa, mas proporcionar um sorriso a essas pessoas.
É claro que resumi tudo à vontade de comer (que é o enfoque deste blog), mas isso também inclui aspectos como conforto, lazer, etc. Isso tudo não cabe aqui agora, são questões complexas de um país repleto de defasagens sociais. O que quero dizer é que proporcionar um pouco além do previsto é um prazer quase comparável aos daqueles que desfrutam um bolo... de chocolate.

Bruna Tunes.